Não sei quantas pessoas ontem (02.Outº.2009), ao verem a sessão do concurso “Jogo Duplo” se terão interrogado sobre um aspecto aparentemente sem importância, mas profundamente revelador de um ambiente de aparências, de máscaras, de simulações. Aquele jogo supõe o “bluff”. E, naquela sessão, um dos concorrentes apresentou-se como padre. Os outros concursantes não o tomaram como tal. E ele foi dizendo, em cada momento o que ia sentindo. E afirmava que estava a dizer a verdade. Mas não o tomavam a sério. E chegou-se à final. Ele disse que ia carregar no botão. E fê-lo. Mas o outro concorrente, pensando ser mentira, antecipou-se e carregou também. O concorrente António (no caso, o padre) acabou por ganhar a sessão tendo estado sempre em último lugar! O outro concorrente, o Almiro, ficou estupefacto, pois ele tinha sido, durante todo o concurso, quem se encontrava em primeiro lugar. E ele disse que, de facto, nunca acreditara no que o António dissera. Ou seja, neste mundo de aparências, dizer a verdade não é inteiramente expectável. Parece preferirmos a mentira ou a meia-verdade. Medo de chocarmos ou outros? Medo que também eles nos confrontem com a verdade? As águas estagnadas parecem ser o nosso elemento… esquecendo-nos que só a corrente vigorosa da verdade nos libertará.
sábado, 3 de outubro de 2009
Ser verdadeiro num mundo de aparências!...
Não sei quantas pessoas ontem (02.Outº.2009), ao verem a sessão do concurso “Jogo Duplo” se terão interrogado sobre um aspecto aparentemente sem importância, mas profundamente revelador de um ambiente de aparências, de máscaras, de simulações. Aquele jogo supõe o “bluff”. E, naquela sessão, um dos concorrentes apresentou-se como padre. Os outros concursantes não o tomaram como tal. E ele foi dizendo, em cada momento o que ia sentindo. E afirmava que estava a dizer a verdade. Mas não o tomavam a sério. E chegou-se à final. Ele disse que ia carregar no botão. E fê-lo. Mas o outro concorrente, pensando ser mentira, antecipou-se e carregou também. O concorrente António (no caso, o padre) acabou por ganhar a sessão tendo estado sempre em último lugar! O outro concorrente, o Almiro, ficou estupefacto, pois ele tinha sido, durante todo o concurso, quem se encontrava em primeiro lugar. E ele disse que, de facto, nunca acreditara no que o António dissera. Ou seja, neste mundo de aparências, dizer a verdade não é inteiramente expectável. Parece preferirmos a mentira ou a meia-verdade. Medo de chocarmos ou outros? Medo que também eles nos confrontem com a verdade? As águas estagnadas parecem ser o nosso elemento… esquecendo-nos que só a corrente vigorosa da verdade nos libertará.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Laureano Barros: rectidão, verticalidade, Homem

Impossível ficar indiferente ante a grandeza de um Homem como Laureano Barros, de quem poucos ouviram falar. No Público de Domingo passado, dia 5 de Julho de 2009, na secção P2 (Cultura), há um suculento texto de Paulo Moura. Vale a pena lê-lo e digeri-lo. Ficaremos mais enriquecidos.
Procura-o em: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1390333&idCanal=14
Não darás o teu tempo por desperdiçado.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
Con-formar-se ou re-agir?
Reflectindo sobre o momento que vivemos, qualquer que seja o sector para onde voltemos a nossa atenção (política, economia, educação, sociedade, Igreja), mas centrando-me mais na área onde exerço a minha profissão (a escola, a educação), vem-me sempre à mente o apólogo de Machado de Assis que transcrevo. O comentário, a aplicação à nossa situação, deixo-o para ti que tens a bondade de me ler e de, como ser inteligente, formares a tua própria opinião, seguires a tua cabeça. Eis o suculento conto do autor brasileiro:
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e activa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
(Publicado originalmente em Gazeta de Notícias, 1885)
sábado, 21 de março de 2009
Deficientes?!!! Eles ou nós?
Eis o texto:
Em nossa casa morou um anjo
Miguel e Idalina têm quatro filhos. O mais novo, o Francisco, quando nasceu a Idalina já tinha 43 anos. Os filhos tinham 15, 13 e 11anos. Contrariando a opinião dos médicos, o casal e os três filhos aceitaram o seu nascimento apesar de tudo indicar que seria portador de síndrome de Down, vulgarmente (mal) designada por mongolismo.
O nascimento do Francisco foi preparado com o cuidado e o carinho dispensados aos irmãos. Estes entenderam que o Francisco, apesar da doença, era um irmão muito querido a quem nada podia faltar.
Aos sete meses, os médicos descobriram que o Francisco era também portador de uma deficiência que o impediria de falar. Meses mais tarde, outra descoberta médica: o Francisco não poderia andar.
O casal e os outros filhos foram descobrindo qualidades extraordinárias no Francisco. Sorria muito e gostava de acariciar os pais e os irmãos. Sempre que via alguém triste ou preocupado manifestava o desejo de se aproximar, para cobrir de beijos e de carinhos a pessoa em causa.
Por volta dos sete anos manifestou o desejo de aprender a ler. A irmã mais velha, na altura estudante universitária, não teve qualquer dificuldade em capacitá-lo a escrever, passando desta forma a expressar-se com mais facilidade. Eram admiráveis as pequenas mensagens para os pais e para os irmãos. Tornou-se rapidamente um homenzinho. Por sua vontade foi inscrito numa escola especial, mas pouco tempo depois a sua saúde ressentiu-se. Escreveu na altura à mãe: “Enquanto estou na escola, podes ir às compras, ao cinema ou falar com as tuas amigas”.
Tinha completado dez anos há poucos dias, quando no dia do pai, escreveu: “Como posso agradecer o amor do meu pai?” Fez um desenho de um anjo que tentava sair da terra em direcção ao céu. Quando à hora de jantar, ao colo da irmã mais velha, ia entregar o desenho ao pai, soltou um leve gemido e morreu.
O Miguel viu no desenho a despedida do Francisco. Ninguém ousou chorar. Reclinaram o seu corpo na sua cama e todos ali ficaram horas sem fim a contemplar aquele anjo que Deus lhes enviara.
Os pais e os irmãos do Francisco mandaram gravar o desenho do anjo numa placa de granito que colocaram junto à entrada principal da casa, com a legenda: Em nossa casa morou um anjo.
António Jesus Cunha
in: http://www.7arte.net/cgi-bin/VP/editorwww/ler_seccao2.pl?17|5
quarta-feira, 4 de março de 2009
Revolução ética: PRECISA-SE!
Esta situação, a ser verdadeira como parece, é simplesmente obscena! Que medida punitiva poderá ser aplicada aos gestores (públicos e privados) que delapidam o dinheiro dos contribuintes, não no montante de 1,97€ mas em milhões de euros?
Haja moralidade!
Parece ser necessário um 25 de Abril ético.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Obama cita um hadith do Profeta Maomé
Importa reter o gesto de Obama (embora no cumprimento de uma tradição que vem já de há mais de 50 anos), bem como o forte apelo à cooperação que é necessária entre todos, quaisquer que sejam as suas convicções religiosas, mesmo as que negam qualquer fé.
A dimensão da fé é um elemento integrador da pessoa e da sua acção. Não pode — nem deve — ser nem escondida nem esquecida.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Messianismos...

Tempo de crise deve ser tempo de discernimento, de julgamento, de clarificação, como decorre do termo origem de crise ― krinéin (gr.): julgar.
Em alturas difíceis, acontece o geral das pessoas suspirar pelo surgimento de alguém que salve. Espera-se a chegada de um “messias”.
Ocorreu-me isto agora que Barack Hussein Obama tomou posse como 44º presidente dos EUA.
A sua figura, o facto de marcadamente ter raízes africanas directas, a sua campanha, tudo isto gerou um invulgar movimento entusiástico de adesão a ele e às suas teses. E com razão.
Admiro a sua naturalidade e frontalidade, a sua simplicidade e simpatia, o seu projecto de renovação.
E o interesse que a sua tomada de posse suscitou foi apenas o corolário de toda a expectativa iniciada na sua nomeação para candidato a presidente pelo partido democrático.
Temo apenas que o capital de confiança nele depositado tenha efeitos narcóticos e anestesiantes: as pessoas, depositando nele as suas fundadas esperanças de mudança, se esqueçam que também lhes toca um papel na construção de um mundo melhor.
Ele é o presidente dos EUA, não o messias.
Não nos podemos demitir.