
Tempo de crise deve ser tempo de discernimento, de julgamento, de clarificação, como decorre do termo origem de crise ― krinéin (gr.): julgar.
Em alturas difíceis, acontece o geral das pessoas suspirar pelo surgimento de alguém que salve. Espera-se a chegada de um “messias”.
Ocorreu-me isto agora que Barack Hussein Obama tomou posse como 44º presidente dos EUA.
A sua figura, o facto de marcadamente ter raízes africanas directas, a sua campanha, tudo isto gerou um invulgar movimento entusiástico de adesão a ele e às suas teses. E com razão.
Admiro a sua naturalidade e frontalidade, a sua simplicidade e simpatia, o seu projecto de renovação.
E o interesse que a sua tomada de posse suscitou foi apenas o corolário de toda a expectativa iniciada na sua nomeação para candidato a presidente pelo partido democrático.
Temo apenas que o capital de confiança nele depositado tenha efeitos narcóticos e anestesiantes: as pessoas, depositando nele as suas fundadas esperanças de mudança, se esqueçam que também lhes toca um papel na construção de um mundo melhor.
Ele é o presidente dos EUA, não o messias.
Não nos podemos demitir.