sábado, 21 de março de 2009

Deficientes?!!! Eles ou nós?

Li hoje um texto que me impressionou: como foi acolhido e amado pela sua família mais directa (pais e irmãos) um portador do síndrome de Down. Com a devida vénia da Voz Portucalense (Ano XXXVII - Nº 11, 18/03/2009), transcrevo aqui o texto. Comentários? Que pequeno me sinto para os fazer. Apenas julgo que também tu, como eu, nos deixamos interpelar por gestos e atitudes como as que esta família teve.
Eis o texto:

Em nossa casa morou um anjo

Miguel e Idalina têm quatro filhos. O mais novo, o Francisco, quando nasceu a Idalina já tinha 43 anos. Os filhos tinham 15, 13 e 11anos. Contrariando a opinião dos médicos, o casal e os três filhos aceitaram o seu nascimento apesar de tudo indicar que seria portador de síndrome de Down, vulgarmente (mal) designada por mongolismo.
O nascimento do Francisco foi preparado com o cuidado e o carinho dispensados aos irmãos. Estes entenderam que o Francisco, apesar da doença, era um irmão muito querido a quem nada podia faltar.
Aos sete meses, os médicos descobriram que o Francisco era também portador de uma deficiência que o impediria de falar. Meses mais tarde, outra descoberta médica: o Francisco não poderia andar.
O casal e os outros filhos foram descobrindo qualidades extraordinárias no Francisco. Sorria muito e gostava de acariciar os pais e os irmãos. Sempre que via alguém triste ou preocupado manifestava o desejo de se aproximar, para cobrir de beijos e de carinhos a pessoa em causa.
Por volta dos sete anos manifestou o desejo de aprender a ler. A irmã mais velha, na altura estudante universitária, não teve qualquer dificuldade em capacitá-lo a escrever, passando desta forma a expressar-se com mais facilidade. Eram admiráveis as pequenas mensagens para os pais e para os irmãos. Tornou-se rapidamente um homenzinho. Por sua vontade foi inscrito numa escola especial, mas pouco tempo depois a sua saúde ressentiu-se. Escreveu na altura à mãe: “Enquanto estou na escola, podes ir às compras, ao cinema ou falar com as tuas amigas”.
Tinha completado dez anos há poucos dias, quando no dia do pai, escreveu: “Como posso agradecer o amor do meu pai?” Fez um desenho de um anjo que tentava sair da terra em direcção ao céu. Quando à hora de jantar, ao colo da irmã mais velha, ia entregar o desenho ao pai, soltou um leve gemido e morreu.
O Miguel viu no desenho a despedida do Francisco. Ninguém ousou chorar. Reclinaram o seu corpo na sua cama e todos ali ficaram horas sem fim a contemplar aquele anjo que Deus lhes enviara.
Os pais e os irmãos do Francisco mandaram gravar o desenho do anjo numa placa de granito que colocaram junto à entrada principal da casa, com a legenda: Em nossa casa morou um anjo.

António Jesus Cunha

in: http://www.7arte.net/cgi-bin/VP/editorwww/ler_seccao2.pl?17|5

1 comentário:

Seabra disse...

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um amor que nunca morre."
Mário Quintana